sábado, 17 de agosto de 2019

Mobilidade na Metrópole


O Governo do Estado anunciou recentemente um investimento de R$ 100 milhões para ampliar a capacidade viária da Terceira Ponte, com a implantação de uma ciclovia e mais duas faixas para a movimentação de veículos.
São evidentes as dificuldades diárias do deslocamento de bens e pessoas entre as cidades de Vitória e Vila Velha. Também são crescentes os custos sociais e o desgaste pessoal dos milhares de trabalhadores e estudantes que fazem este percurso todo o dia. Mas investir no transporte individual será a melhor opção?
As grande cidades e da mesma forma a Grande Vitória estão passando e irão passar por grandes mudanças na mobilidade urbana, causadas, principalmente, pelas alterações dos regimes de trabalho e do acesso virtual aos serviços públicos e privados.
O trabalho em casa, desenvolvido em horários flexíveis, em múltiplos pontos urbanos, e a prática das compras, contatos, ou entretenimento via internet estão, em todo o mundo, modificando hábitos tradicionais. A isto se agregam as mudanças das composições familiares, mais diversas e menores, inclusive com a expansão da crescente vida solitária de jovens e idosos.
Sintomas dessas condições estão presentes no aumento do deslocamento por demanda, através do uso intensivo de aplicativos de aluguel de carros, bicicletas e patinetes. 
O carro individual, na ausência de um sistema da transporte público eficaz e flexível, passou a ser a alternativa das classes médias ou mesmo remediadas, enquanto os mais abastados, podem optar por morar junto aos seus locais de trabalho, comércio e entretenimento.
Estes novos modos de deslocamentos, somados à dispersão das moradias e locais de trabalho, têm impactado na redução do número de passageiros no sistema de transporte coletivo, ainda hoje, na Grande Vitória, limitado apenas aos ônibus, desconfortáveis e pouco flexíveis diante destas transformações. 
Em resumo, a mobilidade metropolitana tende a se desconcentrar dos horários pico e buscar se adaptar às novas exigências do trabalho, cada vez mais precário e provisório e à oferta, cada vez mais dispersa e longínqua dos imóveis de custos acessíveis.
Quais são as alternativas?
Sem dúvida, prioritário é dar continuidade a um processo de planejamento metropolitano, a partir de um documento produzido pelo Instituto Jones Santos Neves (IJSN), que possa articular as ações do estado e dos municípios. 
A médio e longo prazo, com a redução dos índices de crescimento demográfico, poder-se-á pensar em contrair e adensar a metrópole e, reduzir custos e tempos de transporte-estimulando osdeslocamentos não mecanizados-, facilitando os contatos interpessoais e democratizando os acessos aos bens públicos..
Mas a curto prazo, é recomendável utilizar de forma mais adequada a superestrutura da terceira ponte, quem sabe aproveitando uma quinta faixa - já existente- para a implantação de um sistema de transporte – possivelmente um VLT -, mais confortável e ambientalmente responsável. Ao ligar a área-central de Vila Velha à Praia do Canto e Enseada do Suá, este poderá oferecer aos seus moradores, um mais eficiente modo de se deslocar, viver e usufruir a cidade.
Ps 
A transformação da Ceturb em uma companhia metropolitana com a participação dos municípios e usuários pode ser uma boa ideia para unificar e racionalizar a gestão do trânsito, do sistema viário metropolitano, dos transportes públicos, inclusive táxis, aplicativos e assemelhados.
Querem um exemplo. New York.

Kleber Frizzera
Agosto 2019 

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