quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Vitória, uma cidade envelhecida

Os resultados preliminares do censo IBGE 2022 lançaram uma grande preocupação sobre o futuro da cidade e dos moradores de Vitória. Enquanto o conjunto dos 5 municípios, Vitória, Serra, Vila Velha, Cariacica e Viana, cresceu no período 2010/2022, em torno de 16 %, passando de 1.565. 422 para 1.818.918 habitantes, Vitória teve um acréscimo populacional de apenas 1,1%, menos de 4.000 habitantes, passando de 327.801 a 331.785 habitantes. Neste mesmo período, Serra cresceu 33,5 %, Vila Velha 19,1%, Cariacica 7,6%. De 2010/ 2022, esta aglomeração urbana teve um aumento populacional acima da média do estado, que foi de 13%, crescendo a concentração em torno da metrópole, que abriga, atualmente, 46,1 % dos moradores capixabas. Embora preliminares, estes dados permitem pensar e examinar algumas hipóteses para a situação particular de Vitória: 1. Encarecimento do valor dos imóveis- compra e aluguel- e pouca ou nenhuma oferta de habitação social para atender os setores populares/ minha casa minha vida. 2.Crescimento e diversificação da oferta de empregos, serviços e comércio nos municípios vizinhos. Assim segundo novo Caged, no período de Novembro 2020/ Novembro 2022, o aumento do emprego formal foi de: 14,4% em todo o estado, 10.8%, em Vitoria, 17,6 % em Vila Velha, 15,0% em Serra e 13% em Cariacica. O estoque de empregos nestes dois anos dos três maiores municípios tendeu a se aproximar: em novembro de 2022: Vitória contava c0m 150, 1 mil empregos, Vila Velha 100,2 mil e Serra com 144,1 mil empregos, embora Vitória ainda ofereça, em percentagem e valores, os mais altos salários das região. 3. Ampliação do número e do uso de veículos individuais- carros, uber, bicicletas e motos-, estendendo a capacidade e alternativas de deslocamento intraurbano – casa, trabalho, ensino, entretenimento-, da população metropolitana e consequente das escolhas do local de moradia e trabalho. 4.Mudancas das composições, perfis e relações familiares, reduzindo a necessidade de habitar em locais próximos ao núcleo familiar expandido. 5. A pequena iniciativa da prefeitura municipal em promover desenvolvimento econômico local- novos negócios, renda e empregos-, e os reduzidos investimentos de melhorias de condições de infraestrutura e acessos aos morros a cidade. Consequências 1, Envelhecimento médio da população. 2. Concentração de habitantes de maior renda: empresários/ rentistas/ profissionais liberais e o aumento das desigualdades sociais e empobrecimento dos trabalhadores, vivendo de empregos provisórios e precários. 3, Perda de dinamismo econômico, resultado de um capital local avesso a riscos, que investe prioritariamente no rentismo, imóveis, ações e fundos, ou fora do estado e mesmo do país. 4. Aumento de número e percentagem de imóveis vazios ou deixados subutilizados, tanto corporativos como habitacionais, e a consequente redução do número de moradores/ domicílios. 5. Esvaziamento econômico e a redução de população do centro histórico e muito provavelmente dos bairros populares tradicionais: Maruipe/ Santo Antonio/ Vila Rubim/Caratoira/ Jucutuquara. 6. Mudanças profundas nas demandas dos serviços públicos- saúde, lazer e educação- pela rápida alteração da pirâmide populacional, menos crianças, mais velhos. 7. O menor custo da moradia e a sensação crescente de insegurança faz, que os condomínios fechados (das mais variadas classes) nos municípios vizinhos, se tornem mais atrativos às jovens famílias. A metrópole está se estendendo dispersa e fragmentada junto ao litoral, em multisegmentados centros, aumentando as distâncias e tempos das viagens entre os bairros e cidades vizinhas, desagregando o partilhamento, pertencimento e identidade de um possível lugar comum, a Grande Vitória. Kleber/ 09/01/2022