sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Acertos e estranhamentos

Onde se expõem o novo?
Na nova cidade, de luzes e riscos prenhes de róseo futuro? quando,
protegidas suas portas e muralhas pelo anjo Gabriel, pelo arcanjo Miguel, ou
nos intervalos, deixados vazios entre as partes, frestas, onde ronda o vento e silva os ares e ocupam os gentios?
No embate público ou nos macios interiores, protegidos, tudo se acumula, tudo se multiplica em afetos, mal se articulando,
ou quando juntos, se alinhando `as afecções coletivas, que nas ruas, seus desejos escapam dos espíritos maus ou bons, espectros que rondam as cidades,
explorando novas práticas, sexuais, politicas, das falas e dos gestos, inventando outros lados e inúmeras                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                      possibilidades, que se movem rapidamente, jovens e velhos, coletivos e turbas desgarradas, tribos e gangs, ordens ou dispersos, feitos de claros e escuros olhares se cruzando em ódio ou amor e conti’nua disputa nas ruas e nos longos campos e montanhas?
Nada há mais a orientar, nem o tempo, nem o norte, nem a linha ou a direção, paralisado, determinado somente, o desejo                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                          em esvair novidades e vontades na noite perversa.
Que sobra.
Reflexos, olhares, desvios, e o gesto incompleto.

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Pola

Pola foi chegando como o sol na janela. ... 
Entrava aos poucos, roubando-me a sombra, e Horácio começava a queimar-se ..... 
Ficava tostado.
Ficava feliz.

Julio Cortazar

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Restias

Quando o escuro da noite ocupa a tarde de inverno e o ruído da tv anuncia o fim do dia, acompanho como a luz do poente se debruça em macias dobras, sobre as nuvens rosas e brancas, que brilham no crepúsculo, em torno do mestre Alvaro.
Um seco gosto invade o palato, irrompe duras e afiadas dobraduras sobre o resto de mim, gasto o corpo e alma no esforço desdobrado da inva’lida paisagem e do estupido pensamento.
Logo derramo, em pequenas gotas ao consumo, o agridoce sabor de meus eventos avariados, limitados `a uma  réstia da memória, em luz refletida nas onduladas paredes de cal da casa, em longas  listas de sombras e escuras lembranças.

Quando me arrependo, nada fiz a perder de vista.

domingo, 8 de maio de 2016

Camélia


A luz do dia ocupa o pensamento, 
desdobra os gestos desfeitos da noite indormida, 
anuncia a jornada, 
incompleta.
Cada movimento, em vão, refaz
O percurso interrompido,
O caminho.

Igual a tantas, a camélia reflete em branco, o sol,
aguarda o olhar.
Difere o instante do anterior, o gosto do café e migalhas escapando pela toalha e pelo chão, enquanto,
Imagino o impossível, o desejável instalado após o outeiro,
a glória desfiada de fracassos e batalhas, pequenas, em série cotidiana de deslocamentos dos batedores,
de inúmeras divisões tentando cercar e capturar o inimigo.

Sabe a hora, 
o acontecer se limita a vontade de vencer.

sexta-feira, 25 de março de 2016

Ontem

Abrigada
Em seus olhos negros.
Ilusão, saudação, despedida.

Afastados, o olhar desencantado aprecia o ônibus,
A distancia
Afasta-se, jovem agora.

domingo, 20 de março de 2016

Vejo a luz

Vejo a luz, o caminho e a salvação,
Ouço o lado, o ruído, a confusão,
Extrema maldade.

Aborreco-me, solitário, com os fios da vida,
Estendidos os panos coloridos.
Vermelhos e rosas.

quinta-feira, 17 de março de 2016

Sobra



Nada há mais a orientar, nem o tempo, nem o norte, 
nem a linha ou a direção, paralisado, determinado somente,                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                         
Que sobra.
Reflexos, olhares, desvios, o gesto incompleto

sábado, 12 de março de 2016

Alfabeto


1. Deponho as armas,
2. Encaminho o meu perdão, o meu ensaio, o meu cordão.
3. Faço chão, faço tento,
4. Ganho enfim, ordem e exposição, de
5. Haver recolher os pedaços, restos, partes descoladas, palavras arrancadas, de cada gesto, quando
6. Irei até o fim, do caminho, da ilusão, do intervalo, por trechos enigmáticos, do tempo, recortados os segundos, as horas lançadas aos crocodilos.

12/03/2016

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

empireo

engana-me Beatriz,
extrai do universo a luz
e submerge-me no prazer e no inferno

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Inverno



Pudera outra vez, outro tempo te encontrar,
e o olhar nas costas, quando desfilam os anos sem fim.
Pudera outro tempo te encontrar,
E conter os teus cabelos e teus braços que dobram palavras ao vento frio do sábado de inverno.
Jovens, movem-se diante de minha moldura.