Mas será tarde demais;
e eu seguirei sem voz
entre os homens que não se voltam,
com o meu segredo.
Eugenio Montale
Anotações de um morador de uma quase província.
Mas será tarde demais;
e eu seguirei sem voz
entre os homens que não se voltam,
com o meu segredo.
Eugenio Montale
Vamos a frente, ilustres carpinteiros, levantemos o mastro, ergamos a bandeira e o estandarte, em direcao do porvir.
Avancemos guerreiros, da noite profunda traremos a luz e a vito'ria.
Cavaleiros, cavalgai as planícies e os montes, mergulhai seus horizontes em súbitos panoramas, cavalgai.
No alto da muralha, caminha o espectro, desliza sua leveza por entre as pedras da fortificação, movimenta sua penas, seus ais, seus sonhos desfeitos.
O sentinela isolado se abriga do frio e do vento, se pergunta, se almeja e se deseja campeão.
O sentinela da noite desfeita.
Mergulhai seus pensamentos no escuro, mergulhai na negra noite.
Nas margens do castelo, do outro lado das portas e do fosso, a cidade ensaia o prazer e o gosto.
Emoção.
Afinal...
Este lado, em paraíso, a rubra cobra desliza,
Em direção ao abril.
Desliza o silente dito
Em direção ao inverno.
Agrada-me, tão longe, supera-me, em falas,
Sem meios de respondê-la, o espelhado desejo, esgotado.
Em fim, sem fim, esvazio de lado,
O último pingo
Da amarga paixão.