terça-feira, 30 de julho de 2019

Uma quase metrópole



A população da Grande Vitória está se aproximando de 2 milhões de habitantes e, mantidas as atuais e taxas declinantes de crescimento demográfico e migrações, no próximos 10 a 15 anos atingirá um número estável de moradores. 
Nas décadas de 1960 a 2000, os seguidos e crescentes aumentos populacionais provocaram uma expansão territorial extraordinária dessa região, que ocupa, hoje, uma faixa litorânea de mais de 50 Km, desde a Ponta da Fruta até Nova Almeida. Nesse período, foram estimuladas ou impostas as ocupações de morros, a expansão da malha urbana e a produção de aterros, gerando uma intensa fragmentação e espalhamento populacional da região metropolitana. 
Hoje, apresenta-se uma oportunidade única de planejar, redesenhar, adensar e qualificar a cidade, visando reduzir as desigualdades sociais, preservar o meio ambiente, qualificar os espaços públicos e proporcionar um acesso igualitário aos benefícios da vida urbana. 
Educação, saúde, cultura, esportes e lazer, empregos, renda e entretenimento, mobilidade e infraestrutura sanitária, em uma metrópole contemporânea, podem e devem ser ofertadas e garantidas a todos; e estas são condições mínimas necessárias ao exercício pleno da liberdade e da felicidade humana.
A economia de uma possível metrópole precisa superar a atual concentração minero-exportadora, diversificar sua inserção produtiva nacional e mundial, estimular a formação educacional e cultural continuada, a produção de pesquisas, das artes e de novas tecnologias e ser competente frente aos riscos e desafios contemporâneos, garantindo a empregabilidade e a segurança dos seus cidadãos. 
Uma metrópole completa também deve ser capaz de abrigar, valorizar e proteger as diferenças, as múltiplas identidades de gênero, sexo, cultura, pensamento, cor e religião. Finalmente, uma cidade, que pretende se tornar metrópole, não pode deter o recorde de ser a capital brasileira com os maiores índices de violência contra as mulheres.

Kleber Frizzera
Julho 2019