Montreal 3
O jornal
espanhol El Pais, publicou, em 24 de outubro de 2019, uma reportagem
sobre uma longa pesquisa de mobilidade urbana realizada em 174 grandes cidades
do mundo, que chegou às seguintes conclusões:
Las ciudades
con una movilidad
concentrada, o cidades
jerárquicas, tienen una mayor calidad de vida. En ellas se usa más el
transporte público, se hacen más trayectos a pie, hay menos coches, menos
polución, e incluso se atienden mejor las emergencias. En cambio, las ciudades
dispersas muestran los niveles contrarios’. Estas são as
principais afirmações, cidades hierárquicas e de mobilidade concentrada têm
maior qualidade de vida e menos poluição, que chegaram os estudos da equipe
multidisciplinar do Consejo Superior de
Investigaciones Científicas (CSIC).
Para esta
pesquisa, quanto `a mobilidade urbana, existem dois tipos extremos de formas,
cidades que são como cebolas ou que são como cachos de uvas:’ por un
lado, urbes que son como cebollas, por el otro, ciudades que funcionan como
racimos de uvas’. Na Europa, afirmam, ‘la mayoría de las ciudades
son cebollas: tienen centros compactos en los que los ciudadanos y turistas
entran y salen mucho, rodeados de consiguientes capas en las que se va
produciendo menos movimiento y menos densidad. Ao contrário, nos Estados Unidos, afirmam os pesquisadores, ‘abundan las
ciudades que se parecen más a un racimo de uvas’. O paradigma
deste tipo de cidade seria a região de Los Angeles onde : ‘muchos centros neurálgicos vibrando con movimiento, rodeados de
zonas donde la gente se mueve menos’.
A discussão ate´ agora era definir que tipo de
cidade seria a mais eficiente, e, ‘com este estudo descobrimos que a
melhor e´ a concêntrica,’ diz Javier Ramasco, investigador del CSIC.
Será que estes resultados serviriam para pensar criticamente
a atual situação da Grande Vitória, cuja forma se assemelha mais ao modelo de
um cacho de uvas, dispersando no seu extenso território, múltiplos e desiguais centros
e bairros, conectados por intervalos de baixa movimentação e atividades?
Já a algum tempo políticos e urbanistas , em todo o
mundo, tem buscado, em várias cidades na América, Europa e no Canada’, reverter
a dispersão urbana e a pluricentralidade, incentivando ações privadas e
investindo em serviços, infraestrutura e lugares públicos, no sentido de
fortalecer, qualificar e adensar os centros urbanos, históricos e comerciais, transformando-os
em nós de cultura, educação, moradia, turismo e de negócios, pontos de mobilidade
concentrada.
Enquanto isto, na Grande Vitória, nos deparamos com
um centro histórico em frangalhos e aparentemente estamos conformados em viver
em arquipélago urbano em que se transformou a nossa metrópole, de longos
afastamentos, de longas distancias e de longos tempos de translação entre os
seus muitos centros e as fragmentadas áreas habitacionais, impondo uma forte
segregação urbana, custos e tempos elevados de transporte público e privado e
uma ineficiente oferta de infraestrutura urbana e dos serviços pessoais e
empresariais.
O estudo também mostra uma possível correlação
entre compacidade de uma cidade e quanto ela e´ capaz e propícia para misturar
e mesclar a sua população. Quanto mais hierárquica, mais centralizada, diz o
estudo, e consequentemente, mais diversidade social: “La idea es que hay
un lugar donde la gente de distintas zonas se encuentra”, e os centros
urbanos são estes locais, informa a pesquisa.
Se há um futuro das cidades no século XXI, feliz, sustentável,
igualitário e desenvolvido, ele será necessariamente vivido com menos
circulação de carros privados nas zonas urbanas, mais movimentações a pé, em
transportes públicos e em modais de baixos impactos, com centros concentrados,
em habitação e trabalho, e dinâmicos, em educação e cultura, onde convivam as
diversidades humanas em usos de todo o tipo, compartilhando espaços e ambientes
públicos e democráticos
Kleber Frizzera
Outubro 2019
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