segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Restias

Quando o escuro da noite ocupa a tarde de inverno e o ruído da tv anuncia o fim do dia, acompanho como a luz do poente se debruça em macias dobras, sobre as nuvens rosas e brancas, que brilham no crepúsculo, em torno do mestre Alvaro.
Um seco gosto invade o palato, irrompe duras e afiadas dobraduras sobre o resto de mim, gasto o corpo e alma no esforço desdobrado da inva’lida paisagem e do estupido pensamento.
Logo derramo, em pequenas gotas ao consumo, o agridoce sabor de meus eventos avariados, limitados `a uma  réstia da memória, em luz refletida nas onduladas paredes de cal da casa, em longas  listas de sombras e escuras lembranças.

Quando me arrependo, nada fiz a perder de vista.

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